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Consciência ao volante

Leonardo Augusto Beckhauser - Advogado em Joinville

A tragédia ocorrida no Oeste de Santa Catarina no dia 9 representa, de certa forma, o 11 de setembro de nosso Estado, quando civis, bombeiros e um policial perderam a vida de maneira trágica.
 
Todavia, o 11 de setembro foi elaborado por um homem aparentemente insano e doente, mas certamente educado e seguidor de outras premissas culturais. No caso catarinense, as causas foram totalmente diversas, tendo a morte dos chamados heróis talvez como a única semelhança.


A busca por eventuais culpados não pode ser desmedida, sob pena do cometimento de injustiças irreversíveis.
 
Uma tragédia não justificaria outra. 

Uma conjunção de fatores pode ter ocasionado uma fatalidade cujos responsáveis não sejam os já noticiados, se é que eles existem. 
Mas é inegável a percepção de todos do fato de que dois caminhões foram os agentes causadores da tragédia, um no primeiro acidente e outro no segundo.
 
Dessa forma, acredito que não podemos perder a oportunidade de abrir espaço para uma reflexão e debate de ponto, creio eu, pouco considerado até então.

Semanas atrás, levei meu carro a uma oficina elétrica. Enquanto esperava, interagi em um diálogo que ocorria no local entre o mecânico-eletricista e um de seus clientes, um caminhoneiro. 

Foi aí que ouvi um diálogo assustador entre os dois, no qual o caminhoneiro contava trechos vividos na última viagem com seu Scania. 

Disse ele: "Meu companheiro, que já estava 72 horas sem dormir, ia dirigindo um caminhão na frente, num zigue zague sem fim e dizendo \'desvia, desvia que tá cheio de buraco\'! Só que não havia buraco nenhum, ele estava mais louco do que eu, pois eu só estava havia 24 horas sem dormir".

E continuou a história: "Aí, de repente, comecei a ver jacarés na estrada querendo morder os meus pneus, fiquei apavorado, mas consegui desviar dos bichanos... acho que tomei muito rebite naquele dia..." Saí da oficina alarmado.
 
Não estou aqui afirmando que os motoristas envolvidos nos acidentes no Oeste de SC usaram desses artifícios farmacêuticos. Mas o fato é que o uso de rebites é prática corriqueira por grande número de caminhoneiros.

Muitas mortes em nossas estradas tiveram como causa maior o uso dessas drogas. Para estas mortes, impossível retirar a responsabilidade de alguns empregadores dos caminhoneiros, que exigem prazos desumanos para a entrega da carga.
 
O caminhoneiro não visualiza outra opção senão "tocar direto", sem pausas e com o uso do rebite. 

Outras vezes, o próprio caminhoneiro autônomo usa o rebite para lucrar mais em menos tempo.
 
Há muitos caminhoneiros e empregadores contrários a esta prática, mas o uso dessas drogas é uma realidade lamentável, que precisa de reflexão mais aprofundada. 

Já ouvi colegas dizerem que sem o rebite o País pára. Lamentável.

Fonte:
http://www.an.com.br/2007/out/22/0opi.jsp

Segunda-feira, 22 de outubro de 2007 
Opinião - A Notícia